1. Mas o que é Doença de Peyronie?

Figura 1 – Doença de Peyronie – Placa no Corpo Cavernoso

Alguns homens, podem apresentar uma alteração anatômica que leva a curvaturas e dificuldade para manter relações sexuais chamada de doença de Peyronie.

A doença de Peyronie, é o desenvolvimento de um tecido cicatricial fibrosado – endurecido – nos corpos cavernosos (estruturas responsáveis pela ereção), como pode ser visto na figura 1 abaixo. E quando ocorrem, essas placas endurecidas nos corpos cavernosos podem acentuar a curvatura peniana levando a uma série de sintomas.


2. Quais são os sintomas da doença de Peyronie?

Os sinais e sintomas da doença de Peyronie podem aparecer subitamente ou desenvolver-se gradualmente.

Classicamente a Doença de Peyronie tem duas fases bem definidas de evolução:

Fase aguda: Com duração de seis a 12 meses. Durante este período, a cicatriz se forma sob no corpo cavernoso, causando uma curvatura ou outra alteração em sua forma. Você pode sentir dor quando seu pênis está ereto ou quando está flácido.

Fase crônica: após a fase aguda, é notada a fase crônica, quando não é mais referida dor no pênis. Nessa fase a cicatriz parou de crescer, então a curvatura do pênis não piora. Raramente existe persistência de dor, especialmente com ereções. Além disso, a disfunção erétil (DE) ou problemas para obter ou manter o pênis duro podem se desenvolver e persistirem.

3. São esses sintomas:

  1. Formação da Placa, que trata se do tecido cicatricial, que diferente daquela placa formada nas artérias, esse pode ser sentido sob a pele do pênis como caroços planos ou uma faixa de tecido endurecido;
  2. Curvatura – uma das principais características dessa doença é a curvatura que pode ser para qualquer direção, dependendo da localização da placa;
  3. Disfunção Erétil: A doença de Peyronie pode causar problemas para obter ou manter uma ereção (disfunção erétil). Mas, muitas vezes, os homens relatam disfunção erétil antes do início dos sintomas da doença de Peyronie.
  4. Encurtamento do pênis. Causado principalmente pela formação da placa
  5. Dor: principalmente durante a ereção
  6. Outras deformidades penianas: O pênis ereto pode ter estreitamento, reentrâncias ou até mesmo uma aparência de ampulheta, com uma faixa apertada e estreita ao redor do eixo.

A curvatura e o encurtamento peniano associados à doença de Peyronie podem piorar gradualmente.

A dor durante as ereções geralmente melhora dentro de um a dois anos, mas o tecido cicatricial, o encurtamento e a curvatura do pênis geralmente permanecem.

Em alguns homens, tanto a curvatura quanto a dor associada à doença de Peyronie melhoram sem tratamento.

Isso pode impedir o ato sexual ou pode dificultar o inicio e/ou manutenção de uma ereção (disfunção erétil). Para muitos homens, a doença de Peyronie também causa estresse e ansiedade. O encurtamento peniano é outra preocupação comum.

A doença de Peyronie raramente desaparece sozinha. Na maioria dos homens com doença de Peyronie, a condição permanecerá como está ou irá piorar. O tratamento precoce logo após o desenvolvimento da condição pode impedir que ela progrida ou até mesmo melhorar os sintomas. Mesmo que você tenha a condição há algum tempo, o tratamento pode ajudar a melhorar os sintomas incômodos tais como dor, curvatura e encurtamento do pênis.

4. Existem Fatores de Risco?

Apesar de ainda não saber ao certo o que causa o Peyronie, uma pequena parcela dos casos, ocorre por traumas durante relações sexuais vigorosas, mas a maioria permanece incerta com relação às causas. Sabe se que inflamação crônica pode levar a formação dessas placas, por isso são considerados fatores de risco para a doença de Peyronie, fatores como idade, e condições da saúde e alterações como:

  • Elevação da Pressão Arterial
  • Diabete
  • Níveis de colesterol elevado
  • Abuso de álcool
  • Tabagismo 

5. Como é feito o Diagnóstico?

A partir da queixa do paciente, após realizar uma história clinica completa, o exame físico simples, muitas vezes é suficiente para a identificação da placa cicatricial que caracteriza a doença. Em casos raros, outras causas de sintomas semelhantes devem ser identificados.

O exame físico é realizado com o paciente despido, e deitado na maca, e o médico avalia através da palpação a placa fibrosada no pênis no estado flácido. Com esse exame pode se identificar a localização e o tamanho da placa. Nesse momento também é realizada medições que ajudam a determinar o encurtamento do pênis causado pela doença.

Ultrassom doppler com fármaco indução (clique aqui e saiba mais sobre esse exame): Para uma avaliação completa, pode se utilizar o teste de ereção induzido por fármacos. Consiste em aplicar nos corpos cavernosos uma substância que irá causar uma ereção.

A partir dessa ereção são feitas medidas e avaliado o grau de curvatura e principalmente a instabilidade causada pela placa – fatores importantes que podem estar relacionados a dificuldade e em alguns casos a impossibilidade da penetração. Associado ao ultrassom doppler consegue avaliação completa da vascularização peniana durante a ereção.

6. Quais os tratamentos Disponíveis?

O tratamento vai depender da fase que a doença foi diagnosticada:

Fase aguda – ou nas fases iniciais – o tratamento consiste em manter uma boa vascularização peniana, controle da dor, alguns casos medicamentos anti-inflamatórios que podem ajudar a reduzir a curvatura, aplicação de substâncias na placa peniana e pode ser empregado o uso de terapia por ondas de choque.

Medicamentos:

  • Inibidores da 5 – fosfodiesterase – tais como sildenafil, tadalafila, vardenafila etc – é uma classe de medicamentos que promovem um relaxamento da musculatura do corpo cavernoso, facilitando a irrigação sanguínea;
  • Anti-inflamatórios – Tamoxifeno, Procarbazine, Omega-3, Potássio Aminobenzoato (Potaba), Complexo Vitaminico a base de Vitamina E com L-Carnitina, Colchicina – são medicamentos utilizados para reduzirem a resposta inflamatório durante a fase aguda da doença – mesmo a maioria não tendo um mecanismo de ação totalmente conhecido, possuem recomendação moderada quanto ao real benefício e podem ser indicados principalmente para o alívio da dor que ocorre durante a fase aguda da doença;
  • Xiaflex – Colegenase de clostridium histolyticum, Verapamil, ou Interferon – são drogas que podem ser aplicadas diretamente nas placas, através de injeções – em casos onde a curvatura peniana está entre 30 e 90 graus, onde o paciente não apresenta associação com disfunção erétil;
  • Terapia por ondas de choque – semelhante a utilizada para quebra de pedra nos rins, pode ser utilizada para diminuir a dor da fase aguda da doença de peyronie;

Fase crônica é caracterizada quando não existe mais progressão da doença, e a melhor conduta vai depender das queixas do paciente:

Observar: Em casos que o paciente apresenta, apesar da curvatura, satisfeito durante a penetração, sem nenhum grau de disfunção erétil associada, pode se apenas observar e controle dos fatores de risco;
Porém, se o paciente apresentar se insatisfeito durante o ato sexual, o tratamento então indicado é cirúrgico, e para isso leva se em conta os sintomas:

São avaliados 2 aspectos para definir melhor tratamento cirúrgico:

  • Magnitude da curvatura (com ou sem perda da força de penetração)
  • Presença ou não de disfunção erétil associada

7. As técnicas cirúrgicas são basicamente 3:

Plicatura – Trata se do procedimento simples, onde é realizado ligaduras no corpo cavernoso, visando retificar o pênis. Só deve ser realizado em pacientes com rigidez adequada para a penetração durante a ereção.


Incisão, Retirada das Placas e Correção com enxerto – Assim como as plicaturas, devem ser realizados apenas em pacientes que conseguem uma adequada penetração, mas por ser um tipo de cirurgia mais invasiva, com a retirada da placa, apresenta chances maiores que a plicatura de evoluir com  disfunção erétil


Colocação de prótese peniana – Procedimento de escolha quando o paciente apresenta curvatura e disfunção erétil associada. Podem ser colocados qualquer tipo das próteses – semirrígida ou inflável (leia mais sobre próteses penianas clicando aqui)

8. Conclusão

A doença de Peyronie, apesar da gama de tratamentos existentes, permanece como um desafio para a equipe assistente, principalmente pelo impacto psicológico e na qualidade de vida que pode trazer a quem desenvolve esse problema.

Diversas linhas de pesquisa estão sendo realizadas para tentar identificar suas reais causas, para poder ser cessado o desenvolvimento, e progressão da doença e quem sabe um dia a atingir a cura completa.

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Fontes:

AUA – https://www.auanet.org/

EAU – https://uroweb.org/guidelines/sexual-and-reproductive-health

Um Abraço!

Dr Thiago Tagliari – Urologia