1. O que são Cálculos Renais?

Os cálculos renais acometem, ou como são popularmente chamados pedra nos rins acomete cerca de 12% da população Brasileira, ou seja, 1 em cada 10 brasileiros possuem esse problema.

Tratam se de massas solidas formadas na via de passagem da urina composto por minerais e sais ácidos que se aglutinam dependendo da concentração da urina. Esse problema pode ser totalmente assintomático, causar um leve incomodo, até dores insuportáveis, infecções graves, perda da função dos rins e alguns casos extremos até a morte.

Cálculos renais podem ser formados por quadros de infecções urinarias de repetição, alterações genéticas, efeitos adversos de drogas ou simplesmente pela precipitação de sais em altas concentrações na urina também chamados não-infecciosos.

A composição dos cálculos é a base para o diagnóstico e tomada de decisão sobre o que fazer com eles, e em são formados por uma mistura de substâncias classificados de acordo com sua composição mineral como oxalato de cálcio, estruvita, acidou úrico, cistina, xantina, proteínas, colesterol, urato de potássio entre muitos outros, e sua formação depende de uma série de fatores que devem ser investigados individualmente em cada paciente.

Mas existem algumas recomendações que todos os pacientes portadores de cálculos nas vias urinarias devem tomar.

2. Recomendações Gerais para a Prevenção e Recorrência de Cálculos Renais.

Todos os formadores de cálculos, independente de seu risco individual para formação, devem seguir as medidas a seguir que se resumem em 3 recomendações:

  1. Ingestão de Líquidos;
  2. Aconselhamento Nutricional para Uma dieta Balanceada;
  3. Mudanças no Estilo de Vida para normalizar fatores de risco;

Ingestão de Líquidos

Existe uma relação inversa entre a tomada de líquidos e a formação de cálculos, que vem sendo demonstrado e comprovada ao longo dos anos:

Quanto maior a ingesta de líquidos, menor a chance de formação de cálculos renais.

Em alguns casos é recomendada a ingestão de suco de frutas principalmente os ricos em citrato ou bicarbonato.

Outro fator importante foi demonstrado com a diminuição do consumo de refrigerantes e bebidas isotônicas, fatores diretamente relacionados a redução da recidiva de cálculos.

Outras Orientações acerca da ingestão de líquidos:

  • Quantidade de líquidos entre 2 a 3 litros/dia
  • Densidade da urina< 1010g/cm³ (valores no exame de urina)
  • Ingesta de líquidos distribuída igualmente ao longo do dia
  • Sempre que houver perdas após atividades físicas, ambientes quentes, stress mental e diarreia – repor líquidos RIGOROSAMENTE
  • Preferência para água potável ou água mineral com baixa concentração de cálcio, bicarbonato e sulfato

Alterações Dietéticas

A abordagem dietética para prevenção de cálculos Renais, é uma combinação de dieta balanceada com contribuição de todos os grupos alimentares (proteínas, gordura, carboidratos, vitaminas e sair minerais), sem excessos.

Frutas, fibras e vegetais: devem ser encorajado pelos efeitos benéficos das fibras desses alimentos, mesmo que o papel na prevenção de cálculos a longo prazo seja discutível. Em alguns casos o pH alcalino de dietas vegetarianas poder elevar o pH urinário, podendo ser um efeito benéfico.

Oxalato: O Oxalato é uma substância presente em diversos alimentos, e quando está em níveis acima do normal podem favorecer a formação de pedra nos rins, por isso o consumo desses alimentos deve ser limitado ou evitado, para evitar a hiperoxaluria (muito oxalato na urina)

Exemplos de alimentos ricos em Oxalato: espinafre, ruibarbo, acelga, amaranto, batata-doce, beterraba e cacau em pó desidratado;

Vitamina C: mesmo sendo um precursor do oxalato, seu papel como fator de risco para a formação de cálculos de oxalato de cálcio, permanece controverso. No entanto, parece sábio orientar esses pacientes sobre os riscos de seu consumo excessivo;

Proteína animal: essa categoria de proteína Não deve ser consumida em excesso, e deve ser limitada a 0,8 a 1g/kg de peso corporal
exemplo: pessoa pesando 80 kg, o consumo deve se limitar a 80g de proteína animal por dia —  lembrando que 1 file de 100 gramas de bife, possui 25g de proteínas, representando um consumo de 320g de bife por dia!

Consumo de Cálcio: Seu consumo não deve ser Restrito, exceto na existência de uma razão forte para sua indicação, por conta da relação inversa que existe entre o cálcio da dieta e a formação de cálculos. As necessidades diárias de cálcio são de 1000 a 1200 mg por dia.
Existem algumas doenças onde recomendamos sua reposição tais como hiperoxaluria entérica, uma condição que o cálcio não é absorvido corretamente.
Adultos sem história de cálculos renais e fazem reposição de cálcio, devem garantir uma ingesta hídrica adequada, para prevenir formação desses;

Sódio: Presente no Sal de Cozinha, não deve ser consumido em excesso, deve ser consumido de 3 a 5g por dia.

Consumo excessivo afeta a composição da urina:

Aumento da excreção de cálcio reduzido Pela reabsorção tubular — região dos nefros, células dos rins


Citrato urinário reduzido pela perda de bicarbonato


E aumento do risco da formação de cristais de urato que Podem levar a formação de cálculos renais;

Mudanças de Estilo de Vida

Principalmente comportamento que visam o controle da Obesidade e da hipertensão arterial, fatores associados com lesões renais e aumento da chance de formação de cálculos

Existem uma correlação entre a obesidade, síndrome metabólica, hipertensão arterial, resistência periférica a insulina e a formação de cálculos de urato em comparação com a população geral.

Nesses grupos notou se uma diminuição da incidência na formação de novos cálculos quando esses fatores foram controlados, tornando a mudança de estilo de vida ser considerada tão importante quanto o aumento da ingesta de líquidos na prevenção de formação de novos cálculos.

3. Resumindo

Aumento da ingestão de líquidos, controle dietético e mudança de estilo de vida devem ser adotados por todos os pacientes que em algum momento da vida apresentaram cálculos renais, lembrando sempre que a formação não depende apenas dessas mudanças, tornando imprescindível a avaliação de um médico urologista tanto para o tratamento, acompanhamento e prevenção.

Caso tenha dúvidas, mande mensagem entre em contato ou agende uma consulta com seu urologista.

Um Abraço!

Bibliografia
EAU Guidelines on Urolithiasis 2020 v5 – ISBN 978-94-92671-07-3